O ar roça o tempo
Germina a terra
Ara os medos
Cultiva os egos
Corrói o passado
Cerne humano
Que nada é
Apenas pensa ser!
Denise Remor – julho 2023
A névoa espessa desce
Parece não haver horizonte
Mal sei se há sol além dela
A jornada é difícil e confusa
Continuo, brigo e me faço resiliente
Quando atravesso o branco véu
Com a força do meu caminhar
Paraliso com as luzes e cores
Agora sei, cheguei ao Paraíso!
Denise Remor – Maio 2023
Sabe quando a gente bate o olho e sente que há doçura na pessoa.
É a mulher dos requisitos da página em branco!
Teve momento difíceis e esses momentos trouxeram fragilidade, mas também revolta.
Aí, entendeu, o câncer pode ser um aliado, pois faz crescer. Viu em sua cabeça redonda a lisa a beleza da vida. Viu na sua progenitora sua aliada e seu desafeto. Esperneou, reclamou mais nunca deixou de amar.
Têm suas manias, como não conseguir dormir com os pés frios. Isso é uma constante. Então os veste lindamente com bichos, flores, estrelas, nuvens e outros elementos que a ajudam viajar enquanto sonha.
E ela sonha não só dormindo, mas acordada também.
Essa mania de sonhar a deixa dispersa e ela se perde, voa e esquece das suas tarefas. Parece que o encantamento dos seus pensamentos a abduzem para outras galáxias. Isso lhe dá lerdeza no pensar.
Quer coisa melhor do que pode pensar aos poucos?
Isso lhe dá a chance de embalar cada pensamento.
Só não esquece daquele café pela manhã. Aquele, que primeiro perfuma, depois faz as papilas salivarem para depois beber em êxtase. Em seguida pega no tranco.
Derrama uma sonora porção de ração para seu amigo. Nesse instante seu pensamento já fugiu, mas volta correndo para o preparo da comida do seu filho.
Esse garoto a faz feliz, mas muitas vezes nas viagens mentais o esquece, é quando ele revira os olhos e esse revirar a faz aterrissar. E aterrissar no meio do caos existente das roupas, panelas a incomoda. Lá vai ela novamente achar que tudo poderia se resolver num piscar de olhos.
Com certeza é uma linda mulher, plena e quando abre sua sapateira, escolhe a inspiração em forma de sapato para seu próximo destino e, ou sonho.
Muitas vezes as imagens são frutos da nossa imaginação, outras vezes não!
O importante é acreditar!
Posso acreditar em peixes voadores, pássaros nadadores e que o mundo toca no meu ritmo.
Isso do mundo tocar no ritmo que gostaríamos, é o mais encontrado por aí.
Cruzamos com diferentes pessoas de diferentes etnias, culturas, poder aquisitivo, mas convictas de ter o poder de tudo acontecer conforme querem no seu universo. Universo este elástico, pois depende do seu grau de influência.
Vamos pegar como exemplo o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, este tem a convicção de tudo poder. Inclusive de criar novas verdades, reescrever a história como ele gostaria que fosse.
George Orwel, no seu romance 1984, nos conta isso. Lá se reescrevia diariamente os fatos como se desejava. A história era recriada de acordo com os interesses políticos.
Quantas famílias escondem seus pecados e reescrevem suas origens?
Quantos contam suas mentiras e acreditam por terem repetido centenas de vezes, até virarem verdades. É a história do mentiroso, que acredita na sua mentira como se fosse uma verdade absoluta.
Será que são psicopatas? Alguns sim, outros são pessoas normais.
Outros usam deste artifício como ferramenta política. Outros apenas para criar uma história bacana. Ou deixar o mundo melhor.
Na verdade isso é um atributo do ser humano. Somos capazes de usar a imaginação e a criatividade. Esta capacidade nos trouxe até este momento histórico.
Não estou julgando se as histórias são reais ou irreais. É apenas uma constatação do nosso poder de imaginação.
Minha bisavó não acreditava que o homem pisou na Lua. Isso é uma realidade.
As vezes me pergunto sobre o quanto nós conseguimos distorcer os fatos. Esconder verdades, distorcer acontecimentos, transformar mentiras em verdades, verdades em mentiras.
Einstein já provou que tudo depende do ponto de vista do observador.
A imaginação é transformadora, precisamos usá-la para nos guiar sempre por um caminho melhor.
Ela deu presentes valiosos a humanidade, como a tecnologia, as artes, os meios de transportes, as construções e outras coisas. O mundo como conhecemos, não existiria se não tivéssemos a imaginação e a transformasse em realidade.
Como tudo deveríamos ter mais ética em usá-la.
Deixar a imaginação e a criatividade correr solta, mas com o propósito de sempre fazer o melhor para todos.
Aí os pássaros podem nadar, os peixes podem voar e os homens podem amar.
Denise Remor – Março 2023
Ouço cantos, versos
Ritmo de aforismos
Gritaria, zombaria
Vira na verdade, alegoria
Aquela folia, nublada
Mau disfarçada, companhia
Hipocrisia da gargalhada
Fita a vida colorida
Na maioria cinza
Nublada, quiçá azulada
Máscara animada
Gosmenta, inanimada
Transformada em agonia
Pois, tem sabor de melancolia
Tudo acaba um dia
Liturgia ou filosofia
Acaba na tipografia.
Denise Remor – março 2023
Primeiro, nasci mulher, então este é o meu sexo. Não escolhi. Assim como todas que nasceram com o sexo feminino. Algumas mais tarde podem até ter optado por uma mudança de gênero, mas sexualmente continuam mulheres, a menos que tenham optado pela mudança disso.
Ser mulher em nossa sociedade até pouco tempo atrás era ser submissa, não ter direito de expressão e nem de cidadania (conquistamos o direito de votar apenas em 1932). Tudo começou a mudar com a Grande Guerra, pois as mulheres precisaram suprir o mercado de trabalho enquanto os homens estavam no front. A partir daí, começamos a lutar por mais direitos, mas ainda há diferença de salários e discriminação. As mulheres ocupam apenas 37% dos postos de liderança nas empresas ao redor do mundo (dados de 2022 – INSPER). Isso demonstra que ainda temos muito a conquistar. Precisamos reconhecer que avançamos e conquistamos muitos direitos. Ainda não estamos onde deveríamos, mas progredimos. Isso deve servir para nos estimular a seguir em frente.
Optamos por ser mães e a maternidade muitas vezes afeta nossas carreiras, pois precisamos nos dedicar aos filhos. Em um país onde a educação não é prioritária e há falta de creches, a opção pela maternidade, quando não se tem uma rede de apoio, se torna complicada. Isso leva algumas mulheres a não terem filhos ou não priorizarem suas carreiras.
Ser mulher e profissional também não é fácil, porque muitas vezes precisamos provar que somos muito mais qualificadas que os homens. Alguns ainda acreditam que as mulheres são mais sensíveis e emocionalmente mais difíceis de lidar do que os homens. Na verdade, não somos! Fazemos parte da mesma raça que o homem. Temos diferenças físicas, mas não intelectuais. E hoje, convenhamos, trabalhamos de igual para igual. Precisamos sim, nos qualificar para estarmos cada vez mais preparadas para o mercado de trabalho.
Um dado interessante que fará a diferença é que hoje apenas 18% dos homens brasileiros entre 25 e 34 anos têm curso superior, enquanto esse percentual sobe para 25% entre as mulheres na mesma faixa etária, as médias mundiais da OCDE são de 38% para os homens e 51% para as mulheres, dados de 2018 da BBC. Estamos nos qualificando mais, e em algum momento a disparidade salarial deve acabar, pois hoje convivemos com essa discrepância, as mulheres ganhavam em média 75% a menos que os homens entre 2012 e 2016 (IBGE).
E como conciliar tudo isso? Primeiro, ao escolher um parceiro, leve em consideração essas questões. Procure alguém que não seja machista, que respeite seu crescimento e que ajude. Criar filhos é uma tarefa a ser dividida, alinhem suas perspectivas. E não se esqueça de educar bem seus filhos, fazendo com que eles participem das tarefas caseiras, parece algo tão sem significado, mas isso faz uma grande diferença.
E conciliar estes desafios todos, tai algo que conseguimos fazer bem. Administramos bem nossas jornadas, não é fácil mais somos craques em cuidar dos filhos, da casa e da nossa vida profissional. Claro que tem um preço, mas de alguma forma conseguimos arrumar um tempo para nós mesmas, fazer algo que nos dá prazer ajuda.
Então procure algo que você goste, ler, assistir um filme, passear, ir para academia, algo que te dá prazer porque precisamos manter nossa individualidade e buscar equilíbrio para continuarmos sendo estas mulheres maravilhosas e nunca perca de vista que a luta continua por mais espaço e por mais direitos.
Foto: Denise Remor e seus dois filhos. A esquerda Victor Branco e a Direita João Branco
Sou mais esperta, quiçá, forte.
No ringue, constante
Pula nos pensamentos
Entranha no cérebro
Sangro como ferida
Nocauteio o desgraçado
Batalha diária, inglória
Volta a bater na porta
Cerro a passagem
Entendo a trava
Ele me conduz
Balança alternativas
Gangorras de possibilidades
Destrava pensamentos
Brigo, grito, sigo
Imobiliza nunca!
No término, penso,
Penso!
Cadê este maldito?
Para onde correu
Este facínora
Quantas vezes viola
Miserável me infecta
Vingança, é o expurgo
Constância do embate
Voltará num instante
Parceiro nas entranhas
Maldito, bendito
Nunca esquecido
Ele, o MEDO me consome
Me faz lutar
Só não me vence!
Denise Remor – fevereiro 2023
Em 2022 realizei a leitura de 24 livros, uma estatística razoável para as 52 semanas de 2022. Uma média de de 2,166 livros por mês, a média de leitura por habitante no Brasil ao ano é de 4,96 (Instituto Pró-Livro). Estou bem acima desta marca. Creio porque gosto de viajar!
Mas o quero contar, é que nestes 24 livros vivi momentos inesquecíveis. Viajei por lugares incríveis através dos livros. Além de formular questões diferentes do meu dia a dia. Reli As Brumas de Avalon que tinha lido da adolescência e não me decepcionei. A magia e o encantamento continuaram e me levaram aos mundos encantados e as história do Rei Artur.
Viajei pelos países árabes com as histórias das mulheres oprimidas e sem vozes. Mergulhei na segunda guerra mundial, hora na resistência, hora na pele dos judeus e na loucura dos tiramos Hither e Stálin.
Passei por Recife e pelo sertão pernambucano na saga de duas irmãs. Amei o suspense de Ken Follett sobre o terceiro gêmeo, li numa sentada.
Minha cabeça se questionou, se debateu com Allan de Botton, onde encontrei respostas para muitas questões que me fizeram voar, aterrissar e processar conceitos vistos por ângulos diferentes. E a China que me fascina e eu tenho uma relação emocional, voltei a visitá-la pelo olhos de Jung Chang com as Três Irmãs, mulheres que construíram a história.
Andei pela África na doçura dos sentimentos e no relato de uma escrava brasileira, que também me trouxe a história brasileira sobre outros ângulos. Decifrei o sentimento de perda de um marido apaixonada por sua mulher depois de mais de 50 anos de casados.
Senti os sabores da Itália na visão de uma mulher deprimida que foi a Florença a procura da sua cura e encontrei a Carla Madeira com sua escrita densa e crua da realidade que me fez ler seus livros de um só fôlego.
Resumindo, meus amigos de 2022 deixaram saudade, aprendizado e a vontade de buscar sempre algo novo, diferente e instigante. Ler me transporta, traz repertório, conversas inusitadas, sentimentos de todas as espécies: Amor, raiva, indignação, tristeza, melancolia e outros.
Mas um livro nunca passa em branco, todos sempre acrescentam algo e sem dúvida todos foram ótimas companhias.
Confira os títulos que me acompanharam em 2022
E assim li 8.345 páginas
E vou continuar com minhas estáticas, comecei a fazê-las por sugestão do meu filho mais velho Victor Branco. E gostei disso, colocar em números minhas experiências literárias.
E que 2023 me aguarde, já tenho alguns na fila.
Ler também nos leva a viajar. Boa viagem a todos neste ano
Denise Remor – janeiro 2023
Indiscutivelmente não sou uma só.
Sou a soma de muitas, nesta soma me constituo por inteiro.
Minha essência é una e indivisível, mas os papéis que assumo são múltiplos.
Gosto disso, pois através da multiplicidade preciso lidar com situações diversas.
E na diversidade preciso me adaptar.
Creio que não seja uma prerrogativa minha, mas da maioria das pessoas.
Aprendo a cada dia e com cada papel que assumo. Seja de mãe, empresária, mulher, filha, amiga, companheira entre outras.
É o desafio diário. Crescer, melhorar e ampliar os horizontes. Sejam espirituais ou materiais.
A soma de muitas em uma Denise
Denise Remor – dezembro 2020