Uma das perguntas que constantemente faço é: Como é ser mulher, mãe e profissional?

Primeiro, nasci mulher, então este é o meu sexo. Não escolhi. Assim como todas que nasceram com o sexo feminino. Algumas mais tarde podem até ter optado por uma mudança de gênero, mas sexualmente continuam mulheres, a menos que tenham optado pela mudança disso.

Ser mulher em nossa sociedade até pouco tempo atrás era ser submissa, não ter direito de expressão e nem de cidadania (conquistamos o direito de votar apenas em 1932). Tudo começou a mudar com a Grande Guerra, pois as mulheres precisaram suprir o mercado de trabalho enquanto os homens estavam no front. A partir daí, começamos a lutar por mais direitos, mas ainda há diferença de salários e discriminação. As mulheres ocupam apenas 37% dos postos de liderança nas empresas ao redor do mundo (dados de 2022 – INSPER). Isso demonstra que ainda temos muito a conquistar. Precisamos reconhecer que avançamos e conquistamos muitos direitos. Ainda não estamos onde deveríamos, mas progredimos. Isso deve servir para nos estimular a seguir em frente.

Optamos por ser mães e a maternidade muitas vezes afeta nossas carreiras, pois precisamos nos dedicar aos filhos. Em um país onde a educação não é prioritária e há falta de creches, a opção pela maternidade, quando não se tem uma rede de apoio, se torna complicada. Isso leva algumas mulheres a não terem filhos ou não priorizarem suas carreiras.

Ser mulher e profissional também não é fácil, porque muitas vezes precisamos provar que somos muito mais qualificadas que os homens. Alguns ainda acreditam que as mulheres são mais sensíveis e emocionalmente mais difíceis de lidar do que os homens. Na verdade, não somos! Fazemos parte da mesma raça que o homem. Temos diferenças físicas, mas não intelectuais. E hoje, convenhamos, trabalhamos de igual para igual. Precisamos sim, nos qualificar para estarmos cada vez mais preparadas para o mercado de trabalho.

Um dado interessante que fará a diferença é que hoje apenas 18% dos homens brasileiros entre 25 e 34 anos têm curso superior, enquanto esse percentual sobe para 25% entre as mulheres na mesma faixa etária, as médias mundiais da OCDE são de 38% para os homens e 51% para as mulheres, dados de 2018 da BBC. Estamos nos qualificando mais, e em algum momento a disparidade salarial deve acabar, pois hoje convivemos com essa discrepância, as mulheres ganhavam em média 75% a menos que os homens entre 2012 e 2016 (IBGE).

E como conciliar tudo isso? Primeiro, ao escolher um parceiro, leve em consideração essas questões. Procure alguém que não seja machista, que respeite seu crescimento e que ajude. Criar filhos é uma tarefa a ser dividida, alinhem suas perspectivas. E não se esqueça de educar bem seus filhos, fazendo com que eles participem das tarefas caseiras, parece algo tão sem significado, mas isso faz uma grande diferença.

E conciliar estes desafios todos, tai algo que conseguimos fazer bem. Administramos bem nossas jornadas, não é fácil mais somos craques em cuidar dos filhos, da casa e da nossa vida profissional. Claro que tem um preço, mas de alguma forma conseguimos arrumar um tempo para nós mesmas, fazer algo que nos dá prazer ajuda.

Então procure algo que você goste, ler, assistir um filme, passear, ir para academia, algo que te dá prazer porque precisamos manter nossa individualidade e buscar equilíbrio para continuarmos sendo estas mulheres maravilhosas e nunca perca de vista que a luta continua por mais espaço e por mais direitos.

Foto: Denise Remor e seus dois filhos. A esquerda Victor Branco e a Direita João Branco

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